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Foto: Marina Miano

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Rua pouco enfeitada para a Copa 2018, na região de Osasco.

Desinteresse dos brasileiros pela Copa continua

Instituto Paraná Pesquisas aponta que 65% dos entrevistados demonstram ter pouco ou nenhum interesse pela Copa do Mundo

Julho 2018

   A uma semana para o início da Copa do Mundo na Rússia, uma considerável parcela dos brasileiros ainda não demonstrou interesse pelo campeonato.  

   De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Paraná, que entrevistou 2.948 pessoas de 185 municípios dos 27 Estados, cerca de 65% dos brasileiros tem pouco ou nenhum interesse pela Copa, sendo que dentre eles 28% demonstrou ter completa falta de interesse. Segundo Maurício Murad, doutor em sociologia dos esportes, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), nessa Copa as pessoas estão se comportando de maneira diferente. “Em outros mundiais, na média cem dias antes, as ruas começavam a ser enfeitadas, havia concursos e praças mais bonitas. Neste ano, não há nada disso.”  

   Essa falta de interesse é uma junção do atual momento político do país e do fantasma do 7 a 1, que ainda atormenta os brasileiros. “Acredito que o 7 a 1, embora importante, atrapalha menos do que o momento político do Brasil e também da CBF. Muita corrupção, desvios, descasos com a população, tanto dos governos, quanto da CBF e também das federações estaduais.”, diz Murad.  

  Para o microempresário Nivaldo Luiz Nogueira, as pessoas ainda vão se animar. “Apesar de atrapalhar muito, não impede que os brasileiros torçam, existe um meio termo entre política e o futebol. ” O Dr. Luciano Victor Barros Maluly, pesquisador na área de jornalismo esportivo na Universidade de São Paulo (USP), aponta que sempre tivemos problemas políticos, independente da Copa. “É evidente que estamos preocupados com a atual situação social do país, mas nem por isso vamos deixar de torcer para seleção brasileira”, explica Maluly.

Titulares no exterior

   Dos vinte e três jogadores escalados para defender a seleção brasileira, apenas três jogam no Brasil, são eles: Fagner, Geromel e Cássio. Os vinte demais jogam em times do exterior.    Apesar das constantes transmissões de campeonatos de outros países, seria importante ter na seleção titular mais jogadores que representam times nacionais, assim a população consegue ter uma identificação com a seleção. A assistente de coordenação Jéssica Nogueira concorcorda. “Todo torcedor quer um jogador do seu time na Copa, para torcer com mais vontade.”, afirma.   Nivaldo Luiz também não se sente representado nessa situação. “Praticamente não temos jogadores que jogam no Brasil. Na seleção titular, por exemplo, ninguém joga aqui. Claro que vamos torcer, mas a identificação com os jogadores não temos.”
 

Com o decorrer da competição, o interesse pode mudar

   O  técnico Tite, que é respeitado e admirado pelos brasileiros, pode mudar o interesse da população e a identificação dela com a seleção. Maurício Murad menciona que o Tite está realizando um bom trabalho em resgatar o “estilo brasileiro” de se jogar futebol e isso pode ajudar na aproximação com os torcedores. Nivaldo afirma que isso pode contribuir com a animação dos torcedores, mas também não é tudo. “O Tite tem feito um bom trabalho até aqui, mas a avaliação dele, mesmo, só será na Copa, o que importa é ganhar a Copa, nenhuma outra competição importa.”.  

 “Quem é viciado em futebol renova sua esperança a cada quatro anos. A gente reclama, xinga, faz birra, mas no fim estamos loucos pelo hexa, independente de quem está no comando ou vestindo a camisa canarinho. Os jogadores que tem um peso maior, que são Neymar, Gabriel Jesus e Marcelo, são craques como não temos a muito tempo. Porém, o Tite tem um fator que é o psicológico, ele consegue mexer na cabeça de qualquer jogador, transforma um pequeno em um gigante, e isso faz muita diferença.” esclarece Jéssica.    

    Outro ponto  é a importância que os jogadores têm não somente para a seleção, mas também para os torcedores. “Acredito também que o interesse das pessoas tende a crescer, principalmente se o Brasil jogar bem. A nossa seleção é muito boa e o Tite é muito respeitado por todos”, afirma Murad.  

    O Instituto Paraná Pesquisa também mostrou que os jovens entre 16 e 24 anos representam os 37,5% das pessoas que estão interessadas pela Copa. Assim o que resta é esperar o decorrer da competição e observar se o comportamento dos brasileiros irá mudar e o interesse crescer e atingir outras faixa etárias.

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